AZUL, A COR MAIS FRIA… E A MAIS AMADA

Imagem original: Amix Desgin

Se, no filme, “Azul é a cor mais quente”, na realidade, o azul é a percepção visual mais fria que temos das coisas. Ainda assim, é a cor favorita no ocidente, conforme apontam diversas pesquisas. Mesmo com algumas variações, o azul é unânime quando o assunto é cor preferida.

Mas, é importante falar: nem sempre vestimos a que mais gostamos! Geralmente é mais fácil ter objetos nas cores preferidas ao invés de roupas, e existe uma explicação considerável para isso. No visagismo, afirma-se que quando gostamos de uma cor que se relaciona ao nosso temperamento e personalidade, nem sempre nos sentimos confortáveis em usá-la, pois isso significaria nos expor demais! Não é fantástico?

Águas pacíficas

O azul não quer guerra com ninguém! É uma cor considerada em muitas culturas como pacífica, bem vista na política e nas religiões, por não ser extremista. No temperamento, está vinculada a simpatia, amizade, fidelidade, confiança e a bons sentimentos.

Na cromoterapia, seu efeito é calmante, sedativo e relaxante. Isso tem explicação: o azul é a segunda onda mais curta do espectro solar, medindo aproximadamente 450 a 500nm (a violeta é a menor de todas). Quanto menor a onda, maior é sua frequência vibratória, e mais elevada será sua ação sob nossos corpos e psiquismo. Em nosso organismo, o azul age como um verdadeiro calmante.

Azul: a cor mais fria

O azul lidera as cores frias. Quanto mais azul tiver o roxo ou o verde, mais frios eles serão. Elas, por sua vez, provocam sensações de distanciamento, de amplidão, vazio, frescor e frio, enquanto que as cores quentes geram sensações de aproximação, de quentura e de acolhimento.

Essas associações também são feitas ao comportamento humano. Pessoas mais introspectivas, fechadas, sérias ou isoladas são relacionadas às sensações frias, enquanto que personalidades expansivas, comunicativas, que curtem aproximação e contato pessoal ao invés de virtual, são vinculadas às quentes.

O azul, portanto não foge à regra e pode causar tanto uma sensação térmica “gelada” quanto estimular a percepção de uma postura também fria, ou mais centrada, racional em face da emocional e instintiva (do vermelho). É considerada a cor da inteligência, da intelectualidade, da ordem e da seriedade. Nela também há um quê de tradicionalismo, adquirido dos uniformes.

No entanto, ele também representa os céus e adquire caráter de divino, distante e eterno, simbolizando, inclusive, divindades e figuras santas.

Na hora de identificar os elementos, geralmente, o azul é conectado ao ar e à água. Embora sejam incolores, são representados pelo azul por sua facilidade em produzir a sensação de espaço (cheio e vazio). Fato curioso, facilmente observável, é que todas as cores se tornam menos intensas, mais frias e turvas quando estão longe da nossa vista, uma vez que são recobertas por camadas de ar. Já a água, quanto mais profundo é o mar, um lago ou uma piscina, mais azul escuro ela aparenta ser.

Melancolia – Enquanto as águas azuis claras, cristalinas nos remetem a alegria, o mar cinzento de um dia nublado é uma cena que imprime solidão, tristeza ou melancolia. Em muitas línguas o azul é sinônimo de estados de tristeza. Quanto mais cinzento ele for, maior será tal conotação.

O Azul do dia a dia x o azul Real

O azul foi sempre visto como uma cor altiva, afinal, a realeza não tem sangue azul? Os pigmentos mais caros eram os intensos e brilhantes, permitidos apenas à nobreza, enquanto os desbotados e baratos vestiam, entre outros tons neutros, os mais pobres. A cor tornou-se um clássico do dia a dia ao longo dos séculos, pois ele sempre vestiu todas as classes e idades e ainda não mostrava a “sujeira” das roupas! Super prático, não é mesmo?

Estabeleceu-se certa tradição nos uniformes civis e escolares. Impossível não nos lembrarmos do uniforme dos carteiros, motoristas e porteiros, secretárias, de membros de companhias aéreas e, até mesmo na vestimenta social, de escritório. O azul nos acompanha desde o vestir tradicional ao casual, fazendo do jeans (claro ou índigo) nosso “uniforme” do dia a dia.

Entretanto, a moda sempre muda conforme os movimentos sociais. O que antes poderia ser considerado um signo da realeza, passou, depois, a ser símbolo das classes proletárias, e, hoje, tendemos a considerar elegante e de bom gosto! Existe uma lógica mercadológica por trás disso, como no caso do azul.

A tecnologia e a aceitação do azul

Na medida em que o pigmento artificial começou a ser produzido e barateado, junto com os tecidos sintéticos, tornou-se também barato comprar roupa colorida. Vivemos a era do poliéster – ele é baratíssimo e não desbota com facilidade, apesar de não ser tão confortável para a pele.

As fibras naturais transformaram-se no “novo luxo”, pois são mais caras, pela dificuldade no cultivo e o tingimento manual. No caso das artificiais de alta tecnologia, estas também são nobres, pois são caras, exclusivas. Roupas em cores neutras, além de tudo, ressaltam o design, caimento e acabamentos de costura (quanto mais bem-feitas, mais caras serão).

Em todo o caso, se o azul continua sendo a cor “preferida”, não sabemos se ele é a mais vestida. Acompanhe aqui a nossa Jornada das Cores. Vou falar mais sobre o azul e suas diversas simbologias e combinações logo, logo!

Andresa Caparroz

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