DE ONDE SURGIU O “COR DE ROSA”?

Nesta nossa jornada das cores, é preciso contextualizar a origem dos pigmentos, das sensações que eles causam e inclusive colocar pontuações históricas para que possamos compreender o significado delas em nosso inconsciente – já que a sensação que temos das cores e a forma que escolhemos usá-las têm muito de uma informação que é coletiva, estabelecida socialmente e nem sempre nos damos conta disso.

Falar sobre a cor rosa para mim é como mergulhar em uma daquelas propagandas de amaciante, em lençóis e edredons extremamente macios e cheirosos.  Traz um conforto imediato à minha mente! Algumas cores são capazes de aguçar mais nossos sentidos de forma particular, fazendo com que eles dialoguem entre si, e essa é uma das características que considero a mais marcante dessa cor, ao menos para mim, a sinestesia.

A cor Rosa exala perfume de flores, sabores açucarados, amorosidade e, geralmente, proporciona a sensação de toque macio e experiências agradáveis. Mas, de que rosa estou falando? Particularmente, classifico como “Rosa” os tons claros – pastéis – e medianos, aqueles que não chegam a ser intensos, como o Pink ou o Magenta.

Cor de Rosa é o tom claro, obtido basicamente pela combinação de Vermelho + Branco ou de Magenta + Branco.

O primeiro gera tons considerados mais frios,  e o segundo proporciona nuances de Rosa mais amareladinho ou quente (dependendo do Vermelho). É claro que existem inúmeras misturas para se chegar a essa “cor”, não se enganem! É assim que as cores mistas são criadas e passam a elencar os pigmentos ditos “neutros”.  A regra é:

Quanto maior o número de pigmentos usados em uma composição, maior a neutralidade do tom resultante, porque ele terá uma série de características, mesmo que sejam “subtraídas” ou não percebidas no resultado final. É como a pele neutra, que possui tanto aspectos frios, quanto quentes em maior ou menor grau.

A aderência ao Rosa “pastel”

Em dado momento da história da indumentária, no período Rococó, em que o código das cores foi viabilizado para mais classes, as cores ditas pastel tornaram-se a nova sensação, devido à sua composição complexa, feita com inúmeras tinturas.

O uso das cores pastel foi marcado pela cortesã francesa Madame Pompadour (amante de Louis XV) e por Maria Antonieta, a it girl do século 18, na materialização de tecidos brocados em estampas florais, tornando o Rosa, nesse pacote, uma cor nobre. Se você tem acompanhado a jornada das cores por aqui, já leu sobre o peso do status social que as cores adquiriram na Antiguidade. Quanto mais intenso fosse o pigmento, mais cara e complexa era sua extração e tingimento têxtil.  Aqui, o rosa era tratado como uma versão desbotada do vermelho, portanto, sem muito valor. As cores vívidas eram usadas com exclusividade por imperadores e figuras da igreja. Com o avançar dos séculos, o código das cores teve seu uso reivindicado pelas camadas da nobreza no século 18 e, de certa forma, pela burguesia no século 19.

Até então, os pigmentos eram naturais e, portanto, sujeitos a maior desbotamento. Dessa forma, as cores intensas representavam o poder de aquisição que determinadas classes tinham. Enquanto isso, tons neutros, lavados era o que cabia à plebe e o Rosa, apesar de ser usado para retratar o próprio Cristo quando pequeno, não era um pigmento tido em alta conta (e só era usado porque se relacionava ao Vermelho, a uma versão considerada “infantil” deste).

Entretanto, ao passo em que foram criados os tecidos “jacquard”, de trama extremamente complexa, passou-se a explorar a novidade dos tons pasteis, que caíram no gosto de Maria Antonieta, como dito. O leque de opções foi ampliado, e cores neutras e claras, até então não exploradas pelos nobres, passaram a ser admitidas em superfícies têxteis suntuosamente trabalhadas.

O uso destas cores também foi estratégico por outras figuras da corte. Diante da fortuna que se gastava com roupas, ter peças neutras que pudessem ser adornadas com acessórios variados, fazendo mudar o visual dos looks, era de grande utilidade. Nessa época, o Rosa foi amplamente usado pelos homens (adultos e crianças), mas, desde sempre esteve associado ao universo masculino, por se tratar de um “Vermelho menor”, mais suave. Não é incrível?

A grande questão é que nós entendemos o Rosa a partir de um contexto histórico, mesmo sem nos darmos conta disso! Gosta de usar Rosa? Faz parte do seu closet e do seu estilo? Acompanhe aqui que logo vou trazer mais informações que podem ajudar a ter uma visão mais ampla do Rosa e do seu uso em nossa imagem pessoal!

Andresa M Caparroz

Comentarios

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *