O TOQUE DO VERMELHO

“A cor é o toque, o olho, o martelo que faz vibrar a alma, o instrumento de mil cordas.” Kandinsky, 1969.

O que você pensa quando ouve a palavra vermelho? E o que você sente quando vê essa cor?

Geralmente, quando nos referimos ao vermelho, pensamos diretamente na cor em si, ao invés de objetos ou elementos que tenham esse matiz. É assim com você também?

O simbolismo do vermelho é, como o de qualquer outra cor, existencial, marcado por vivências que todo mundo já teve algum dia. Ele nos impacta, prende nossa atenção, é uma das mais fáceis de impregnar em nossa memória, não à toa é tão explorado pelo cinema e pela publicidade.

Essa sensação de cor é tão comovente que, segundo estudos, simboliza as próprias cores, quando nos referimos a elas no plural. “Em muitos idiomas, a mesma palavra significa vermelho e colorido. Em outras, há uma sinonímia entre bonito e vermelho, como acontece em russo” (Psicodinâmica das cores na comunicação, 2011: 99).

Essa é a terceira cor mais citada como preferida.  Apreciada por homens e mulheres, embora seja cada vez menos eleita dentre as mais bem quistas. Acredita-se que o motivo seja o uso excessivo em propaganda, para atrair as atenções dos consumidores. Eu mesma já peguei certo ranço daquelas plaquinhas de liquidação, que nos induzem erroneamente a pensar que a loja toda está com desconto! Mas, será que esse é o principal motivo?

Depois de estudar tanto sobre o vermelho e seus significados, acredito que usá-lo no dia-a-dia não seja tarefa fácil, afinal, ele é uma cor que agrega diversos valores e, por onde passa, aplica sua carga tensa, intensa e exagerada, para não dizer visceral.

Um vermelho para cada ocasião

O vermelho é a cor que mais apresenta evidências em alterar nosso estado físico e emocional. O contato com ele, seja através de luz, objetos, roupas ou ambientes, mexe significativamente com nossa pressão sanguínea, é capaz de nos deixar mais ansiosos e estimulados.

O vermelho é a cor representante das paixões humanas, contrário à razão; é vibrante e arrebatador. Pode ser considerado uma cor teatral e dramática. Trata-se de uma sensação que vai além do sentido visual; é tátil, sonora, aromática e saborosa. Talvez ele seja a sensação de cor cujo simbolismo mais se apoie de modo direto da experiência ou vivência física (como o contato com o nosso próprio sangue e com o fogo), embora não se resuma a isso, é claro.

O vermelho acolhe, une, aquece e abriga. Ele também luta, combate, conquista e obtém glória. Representa a própria vida pulsante – o sangue, e a coragem de viver. É símbolo de força, energia, calor, vitalidade, sensualidade, postura ativa, mas também agressiva, violenta e cheia de tabus. A ele relacionamos a extroversão, excitação, a comunicação alegre, e o dinamismo.

 

Uma cor primária?

Quem não aprendeu na escola que as cores primárias eram o azul, o amarelo e o vermelho? Mas, há uma certa falta de precisão a respeito da representação e até de nomenclaturas das três cores básicas.

Por isso que ora vemos o círculo cromático com o magenta, ora com o vermelho ou com um tom de vermelho escarlate, mais cereja.

Hoje em dia, a representação das cores primárias mundialmente aceita, é o ciano, o amarelo e o magenta (ao invés do vermelho). Essas são as cores subtrativas, conhecidas como padrão CMY.

As cores aditivas são as cores primárias da luz. São elas:  azul violetado, verde e o vermelho alaranjado. Quando somadas as três, elas criam outras cores (as aditivas) e juntas, compõem a luz “branca”. Lembrando que tais combinações só são possíveis de serem testadas ou observadas quando se tratar de luz ou TV e mídia digital. Este é o padrão RGB.

As cores subtrativas são produzidas pela junção das cores aditivas. Este  padrão CMY(K), é mundialmente usado para impressão, ou para nos referirmos a cor, no caso, pigmento material. A junção das três cores: ciano, a, amarelo e magenta resulta em um preto argiloso (na pratica é a ausência de um matiz definido, reconhecível – por isso se torna uma cor não cor).

A qualidade do pigmento é essencial para se chegar aos resultados teóricos  das cores primárias e suas composições secundárias e terciárias, dentre outras que envolvem o preto e o branco.

As cores-pigmentos primários são os ditos puros, ou seja, que não são obtidos através da mistura de outros pigmentos. Logo, o vermelho que conhecemos, aquele vívido (tradicionalmente classificado como primário), leva em sua composição um pouco de amarelo. Nesse caso, o magenta é tratado como uma cor básica, e ao adicionar um bocado de amarelo, gera o secundário vermelho vívido. Mas assim, se uma ou outra é primária ou secundária, não importa. O interessante é usar um círculo que apresenta a cor magenta.

Sensação da luz

Lembrando que a cor é uma sensação visual da luz, que é percebida e pelo aparelho ótico e interpretada pelo nosso cérebro, podemos dizer que o vermelho é a sensação de cor cuja onda é a mais comprida, medindo entre 610-760 nm.

Nós só percebemos as cores-pigmentos dos objetos que estão à nossa volta porque a luz precisa iluminar tais elementos e refletir o feixe de luz, para que capturemos as cores. Geralmente, o que acontece é que, se um objeto é vermelho, a luz baterá nele e este absorverá as ondas de outras cores e refletirá a onda vermelha, que por sua vez será percebida pelos nossos olhos e interpretadas pelo nosso cérebro.

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O vermelho é uma cor altamente indicada (o amarelo também) para terapias em estados de depressão, apatia e anemia, pois é uma cor psicologicamente estimulante e dinâmica. Se você for uma pessoa agitada ou ansiosa, é bom equilibrar com cores que trarão sensação de calma e tranquilidade.

Vamos ver ainda as representações do vermelho e como usá-lo para amplificar nossa imagem pessoal. Preparados para essa viagem de fogo e calor?!

Andresa M Caparroz

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