A SIMBOLOGIA DO VERMELHO – FOGO E (R)EVOLUÇÃO

Em seu uso, o vermelho é classificado como uma cor quente, por representar o calor do fogo e do sol. Veja bem, ele representa as sensações físicas e emocionais causadas em nós quando ficamos em contato com tais elementos, e que não necessariamente são da cor vermelha por completo (as chamas do fogo podem ser brancas, azuis e amarelas, ou alaranjadas e vermelhas, mas nem sempre).

Para entender a simbologia do vermelho, é necessário observar a origem das abordagens.  De um modo geral, o fogo aquece, ilumina diante a escuridão e “purifica a alma”. Ele é considerado um elemento transmutador. Mas, como vimos na passagem pelo verde, esse calor pode ter conotação positiva ou negativa, dependendo da paisagem e condição climática em que está inserido.

No deserto, ele é um verdadeiro inimigo e, portanto, era percebido assim no Egito, por exemplo. Já em países como a Rússia, cujas paisagens são gélidas e morria-se de frio, o vermelho caloroso sempre foi bem visto.

Mas, independentemente do caráter regional que determinada cultura atribui ao fogo, é inegável reconhecer sua importância na evolução da vida da espécie humana, ao trazer calor, luz e proteção (física e mística). A evolução da tecnologia moderna aconteceu a partir do momento em que o homem passou a controlar o fogo como fonte de energia.

O efeito visual do vermelho é de aproximação. Dentre as cores quentes, é aquele que mais causa tal efeito.  O vermelho carmim, por exemplo, era descrito como uma cor de “aproximação e de encontro”.

O senhor da guerra

Quando falamos em evolução, falamos também em lutas, guerras e revoluções. O vermelho é símbolo da guerra (Marte!), pois se refere ao derramamento de sangue e de toda a coragem necessária para lutar, e também a ânsia por conquista e poder.

Por séculos, essa foi a principal cor usada nas fardas dos exércitos, pois incitava força, coragem, estímulo e até intimidação ao opositor. Talvez por isso, o vermelho simbolize as revoluções. Está intimamente relacionado aos movimentos sociais e políticos. A bandeira vermelha sempre esteve relacionada à guerra, mas também à liberdade.

Vivemos um período de muita polarização política no Brasil e sabemos, como ninguém, da eficácia psicológica que esse símbolo cromático tem por aqui. O vermelho grita posicionamento ideológico, político, e muitos erroneamente chegam a traçar perfis baseados no uso dessa cor, dependendo do local e situação.

A cor da vida material

O vermelho simboliza o sangue que, por sua vez se refere à vida material, seja ela animal ou humana. Ele sempre foi algo muito empoderador nas culturas antigas, e intimamente ligado à força e à magia. Oferendas com sangue eram feitas aos deuses, seu uso era extremamente simbólico. Acreditava-se que ao consumir o sangue dos animais e de gladiadores ou inimigos (seja em bebidas ou banhos), era possível obter suas características de força.

Na cultura cristã, o vermelho é uma cor litúrgica e exemplifica o “fogo transformador” do Espírito Santo e a materialização do corpo sagrado, do sangue de Cristo e, nesse aspecto, possui um caráter redentor. Vermelho foi a cor eleita para retratar Jesus nas pinturas, por ser a mais nobre e masculina de todas. Contraditoriamente, o mesmo vermelho também é associado à ira dos homens, a impureza, aos tabus relacionados ao sangue feminino e aos pecados da carne, culturalmente relacionados à mulher.

A cor da nobreza

O vermelho era um dos corantes mais caros de ser produzido na tinturaria têxtil europeia, portanto, usado pelos mais nobres. A primeira era a cor violeta, também chamada de púrpura. Com relação a esta, seu tom exato passou por mudanças ao longo da História, de um roxo intenso (quase índigo) na Antiguidade (até o Império Bizantino) a outro mais avermelhado, chamado de vermelho-púrpura, depois da queda de Constantinopla. Esse tom de vermelho-púrpura vestiu de forma restrita imperadores romanos e cardeais.

Os componentes do corante vermelho eram importados, sua fabricação era cara e o tingimento trabalhoso e demorado, pois passava por diversas etapas. Aqueles que não pudessem se vestir com tal cor nobre, mas tivessem condições de bancar a “roupa de cama”, podiam ostentar a superstição de que ela dava sorte e protegia contra o mau olhado.

Um fato curioso, um tanto quanto irônico, era que o vermelho, usado pelos mais ricos, era extraído de insetos de plantas, chamados de piolhos – as cochonilhas. Estas foram descobertas no México, com as expedições as Américas e levadas à Europa. Tratava-se de outra fonte de extração de pigmento, de um vermelho mais intenso e resistente à luz do sol. Antes, a extração do corante vermelho na Europa se dava através uma planta chamada granza que, quando seca, tornava-se avermelhada e era usada no tingimento têxtil junto ao importado alúmen.

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Difícil de ser obtido, de simbologia contraditória e muito forte, não é à toa que o vermelho seja o senhor de tantas sensações e passe, até hoje, a impressão de superioridade e poder. Fique de olho, logo, vou falar mais sobre o uso dessa cor tão poderosa na nossa imagem pessoal.

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