Em se tratando de luz, o violeta é a onda mais curta, medindo aproximadamente 380 – 450 nm. Quanto menor o comprimento, maior é a frequência vibracional.
A alta frequência da luz violeta pode nos trazer muitos benefícios físicos e mentais. Estudos científicos a respeito da cromoterapia têm sido realizados e trazidos até nós de uma maneira mais confiável, desvinculando tal conhecimento do universo esotérico. O campo da biologia, por exemplo, tem contribuído muito para investigações que apontam para o efeito das cores nos reinos vegetal e animal. A cor violeta, por exemplo, se apresenta como poderoso germicida, além de trazer o benefício psicológico da tranquilidade que determinados tons de violeta podem nos dar.
Ela vincula-se à mente e ao cérebro – usada para representar a inteligência e consciência expandida. Tons de lavanda e lilás tem sido cada vez mais frequentes em ambientes e objetos de decoração, e é, inclusive, excelente para roupas de cama e para as paredes de quartos. E, seguindo essa lógica, é uma boa sugestão para aplicar em roupas, para quem busca uma imagem mais serena e tranquila.
O Violeta e sua energia dual
Psicologicamente falando, o violeta carrega em si tanto a energia serena e intocável do azul, quanto a material e visceral do vermelho. Ele, o violeta, foi usado na Antiguidade para representar o poder e a glória espiritual encarnados neste mundo. E é claro que tal poder era prestígio de poucos.
O roxo é fruto do vermelho masculino e azul feminino, portanto, sua base é dual, algo que sempre marca as cores secundárias ou terciárias. Para saber um pouco sobre as mensagens que elas trazem, é preciso conhecer suas raízes. O fato é que esse aspecto ambíguo que o Violeta carrega, ressalta sua complexidade. É a cor da espiritualidade, mas está simbolizada pelo “poder terreno”. É capaz de servir à vaidade, mas também à ideia de elevação espiritual. Ao mesmo tempo em que simbolizava a opulência, o violeta foi adotado pela igreja para representar, ironicamente, seu oposto – humildade, moderação, pudor e penitência.
O Violeta tornou-se também, bem no início do século XX uma das cores do feminismo, com o movimento do sufrágio. Como era de costume escolher três cores para os símbolos libertários, o Violeta foi eleito (representando o sangue nobre daqueles que lutam por igualdade), junto com o branco (honestidade) e o verde (esperança e recomeço). Tais cores foram escolhidas, pois eram presentes no guarda-roupa das mulheres no início do século. Ele reapareceu no final dos anos 60, com o novo gás do movimento feminista, na busca por igualdade de direitos que, a propósito, até hoje não temos. Embora o violeta represente o símbolo do feminismo, essa é uma cor que não se aplica ao feminino com exclusividade.
A origem do Púrpura, a cor do esplendor
Embora não seja muito exaltada nos tempos de hoje, o Roxo teve uma importância grandiosa no passado. Na Antiguidade, era a cor dos governantes, simbolizava o poder, a autoridade e o exclusivo.
A cor Violeta, também chamada de Púrpura, foi nessa época a mais cara de todas. Seu tom exato possuía algumas variações e passou por mudanças ao longo da História, de um tom intenso (quase índigo) a outro mais avermelhado, chamado de Vermelho-Púrpura ou Escarlate, depois da queda de Constantinopla.
O tingimento têxtil com tal cor já era uma tradição antiga, datada de 1.500 a.C, pela prática artesanal dos fenícios. Este era um corante intenso e muito resistente ao desbotamento. Na verdade, conforme o tecido envelhecia, tinha sua coloração ainda mais intensificada. O Púrpura era obtido, como todos os demais corantes antigos, através de um processo extremamente trabalhoso, a partir da secreção de caramujos existentes no mar Mediterrâneo, e misturados, quando apodrecidos, a outros componentes secretos.
Havia basicamente dois tipos deles: um que produzia um tom Púrpura azulado, e nuances de Violeta claro ou escuro e, outro, um Púrpura mais avermelhado.
A extração e a produção do corante foram monopolizadas e controladas com rigor pelo Império Bizantino e ele só podia ser usado no tingimento de sedas imperiais.
O fato é que essa cor vestiu quase que de forma exclusiva ao imperador e sua família. Essa era, por lei, a cor imperial e quem a vestisse sem ordens era morto. Enquanto as vestes deles podiam ser todas em tom Púrpura, aos funcionários de alto escalão, como ministros e figuras da Igreja, como os bispos, era permitido apenas faixas, quadrados ou barrados das túnicas. Aqueles que vestiam Púrpura ou tinham alguma obra de arte em tal pigmento haviam sido presenteados pelos imperadores bizantinos.
Eva Heller revela, em seu livro A Psicologia das Cores, que após a queda de Constantinopla as tinturarias foram destruídas, a receita se perdeu e findou-se o tingimento com os caramujos. A partir de então, o vermelho amagentado de tonalidade mais cereja, também chamado de Escarlate, tornou-se o corante mais caro, e passou a substituir o Púrpura, adotando inclusive seu nome. Essa cor seguiu pelos séculos sendo uma cor eclesiástica, simbolizando o poder da Igreja.
A grande dificuldade de usar o Roxo
Talvez venha dessa origem, ao mesmo tempo tão controversa e tão esplendorosa, a dificuldade de utilizar Roxo que vejo em muitas pessoas. A maioria delas, talvez. Vamos, no próximo post, tentar destrinchar um pouco mais do uso do Roxo/Violeta e propor combinações. Quem aí topa tentar usar?
Andresa M Caparroz